top of page

DIÁLOGOS

   Uma das referências imagéticas presente no espetáculo [ParaAlémDas] GAiOLaS é Romeo Castellucci com a obra “Hey Girl!”. Castellucci nasceu em Cesena (Itália) no ano de 1960, e se formou em cenografia e pintura pela Academia de Belas Artes de Bolonha.

 

   Castellucci propõe um trabalho pautado nas visualidades da cena, assim como as criações sonoras, permitindo que o espectador vivencie o espetáculo de uma forma mais sensível.

 

     No trabalho “Hey Girl!”, a composição das cores, da luz, dos símbolos e a figura da mulher são elementos que serviram de inspiração e que conversaram com a proposta de [ParaAlémDas] GAiOLaS ao longo da criação.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Seguem outros trechos dos trabalhos de Romeo Castellucci:

 

Min Romeo Castellucci L #09 London

 

Tragedia Endogonidia - Romeo Castellucci

 

Romeo Castellucci A #02 Avignon

 

 

Poética Visual

Revisão: Olivia Dias

Por: Daniele Viola

Violência contra a Mulher

   [ParaAlémDas] GAiOLaS traz de uma forma ampla a falta de liberdades codificadas na cenografia, composição corporal e sonora. Uma delas é ressaltada, a falta de liberdade da mulher e toda a violência embutida nisso. Apesar de há muito saber que a violência contra a mulher é um fator que age diretamente na nossa liberdade, essa questão somente foi inserida no solo depois de uma performance no centro de Florianópolis no qual lancei-me para uma caminhada silenciosa vestindo a gaiola.

 

 

 

 

 

 

 

   A ação aconteceu no final de junho de 2015 e a intenção inicial era questionar a falta de liberdade de uma forma geral. Mas, o retorno nada mais foi do que uma violência verbal que ressoava somente na voz masculina, salvo os casos em que as mulheres estavam representando uma instituição pública (mais detalhes aqui). E depois, isso também ressoou de forma machista na internet (veja aqui). A partir disso, o que era apenas uma inquietação sobre a falta de liberdade se expandiu para a falta de liberdade ligada também às questões de gênero.

    Isso refletiu diretamente na composição sonora do solo performático, e, a partir de pesquisas nos dados da Secretaria de Políticas para a Mulheres, criamos um áudio falando sobre essa violência. O áudio é composto por números, informando as quantidades de registros de atendimentos da Central de Atendimento à Mulher.

    Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), até o primeiro semestre de 2012, foram feitos 47.555 registros de atendimento na Central de Atendimento à Mulher. Durante todo o ano de 2011, foram 74.984 registros, bem inferior aos 108.491 de 2010. O tipo de registro que aparece em maior número é para relatar violência física contra a mulher, podendo variar de lesão corporal leve, grave ou gravíssima, tentativa de homicídio e homicídio consumado.

    Casos de violência sexual como estupro, exploração sexual e assédio no trabalho aparecem em 5º lugar com 2.318 casos em 2010, 1.298 em 2011 e 915 no primeiro semestre de 2012.

Segue tabela:

 

 

   

    A Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 é um serviço de atendimento telefônico que recebe denúncias de maus-tratos contra as mulheres oferecido pela a Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República. Para entrar em contato com a central, basta ligar gratuitamente para 180 de qualquer telefone (móvel ou fixo, particular ou público). O serviço funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, inclusive durante os finais de semana e feriados.

Somei também a esses índices os dados dos anos de 2013 e 2014 retirados da cartilha do IBGE:

    Essa lógica dentro da obra surgiu em meados de 2015, mas as questões das mulheres estão em processo, estamos diariamente lutando para termos nossa liberdade, nossos direitos garantidos. Estamos lutando contra a cultura do estupro há muito tempo. Por exemplo, dezesseis anos atrás, eu ouvia um comentário muito estranho para mim, da mãe de um colega meu; lembro que na fala dela era muito pior o filho (homem) ser estuprado do que uma das minhas irmãs (mulheres!) pelo fato dele ser homem, ou seja, esse tipo de violência com a mulher pode ser aceitável.

    Em 2013, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) cria o Projeto de Lei 5069/13 modificando a Lei 12.845/13, ou seja, dificulta o atendimento das vítimas de violência sexual. Em 2015 ela é aprovada na Câmara dos Deputados. Agora, em 2016, vivemos um golpe no Brasil, onde o presidente interino Michel Temer forma uma equipe de ministros composta somente por homens brancos, exclui o Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. Temos o Ministro da Educação que recebe um estuprador confesso para opinar neste ministério. E é também por isso que apresento questões da falta de liberdade das mulheres em [ParaAlémDas] GAiOLaS. É importante falar sobre isso em tempos que uma menina pode ser culpabilizada por sofrer um estupro de 30 homens.

 

Por fim,

 

Nós Lutamos pelo fim da Cultura do Estupro!

 

Em anexo, deixamos algumas cartilhas que contém mais dados e informações sobre esse assunto.

            Balanço 2014 - Ligue 180

 

 

 

 

            Mapa da Violência 2015 - Homicídio de Mulheres no Brasil

 

 

 

 

Por: Daniele Viola

Revisão: Olivia Dias

Lei Maria da Penha

Por: Alexandre Bogas Fraga Gastaldi

   É de longa data que a história de luta das mulheres pela igualde de direitos entre mulheres e homens é travada. Momento importante dessa trajetória surgiu através das articulações dos movimentos de mulheres e feministas realizados de forma internacional nos meados da década de 1970. Em 1975 a ONU declarou o Ano Internacional da Mulher com a abertura da “Década da Mulher” findando em 1985, e carregando consigo uma maior visibilidade das questões das mulheres. A partir disso a violência contra as mulheres, e em modo especial a violência familiar e doméstica toma a frente das discussões e reivindicações feministas (COSTA, 2005).

   Conforme descreve a cartilha “Lei Maria da Penha: do papel para a vida (2007)” com uma linha do tempo trazendo os fatos históricos no Brasil pela luta de mulheres e feministas desde 1970, passando pela criação dos primeiros conselhos Estaduais e Municipais de Direitos da Mulher em 1983. Ano esse em que Maria da Penha Maia Fernandes do Ceará levou um tiro de seu marido Marco Antônio Heredia Viveiros, enquanto dormia, ficando paraplégica e em segundo momento tenta eletrocutar a mesma e afogá-la. Passa também pela criação do Conselho Nacional dos direitos da Mulher em 1985 que passa a ter um papel decisivo nos encaminhamentos nos âmbitos dos poderes Executivo e Legislativo. Entre 2002 e 2003 surge a Secretaria Especial de Políticas para Mulheres, estância governamental com intuito de trabalhar na erradicação da violência contra as mulheres. Culmina então em 2006 com o presidente Lula sancionando a lei nº

11.340/2006 e a nomeando Lei Maria da Penha (LMP).

    Dentre os diversos benefícios e avanços a Lei trouxe o aumento do tempo máximo de prisão de um para três anos, alterou o Código Penal permitindo que os agressores tenham suas prisões preventivas decretadas e sejam presos em flagrante, acabando principalmente com as penas alternativas que antes condenavam os homens apenas a pagar cestas básicas ou multas, bem como alterou a Lei de Execuções Penais permitindo que o juiz determine o comparecimento obrigatório do agressor a programas de reeducação e recuperação (CORTÊS, 2007).

     Dentre as garantias ao favor da mulher que está em situação de agressão e que corre risco de vida, podemos citar a saída do agressor da casa, cancelar procurações feitas em nome do agressor, a proteção dos filhos e o direito de reaver seus bens. Caso seja constatada a necessidade de manutenção de sua integridade psicológica, poderá ficar até seis meses afastada do trabalho sem prejuízo ao emprego. Um dos maiores avanços em termos protetivos é caracterização da violência psicológica como violência doméstica, onde a LMP define qualquer ação ou omissão baseada no gênero que cause lesão, morte, sofrimento sexual, físico ou psicológico, dano moral ou matrimonial como formas de violência.

     Como a lei parte do princípio em que há uma exigência de qualidade especial que é ser mulher, as lésbicas, travestis, transexuais e transgêneros que tenho sua identidade de gênero e social com o sexo feminino, estão sob o escudo protetor da LMP. É constituída violência doméstica qualquer agressão cometida no âmbito familiar contra elas e não cabe deixar à margem da proteção legal todas aquelas que se reconhecem como mulher. Desta forma já tivemos decisões judiciais efetivando a proteção para as transexuais femininas com a aplicação das medidas protetivas (TANNURI, 2015).

      A LMP encorajou as mulheres a pedir socorro e dar um fim na realidade violenta que vivem em seus lares, mas a cultura machista tem destruído sonhos, famílias e calando a voz feminina. Muitos casos não são denunciados por medo e as mulheres agredidas se escondem, omitindo a realidade vivida devido às ameaças de seus parceiros. Outra deficiência é que mesmo o Estado sendo o responsável pelos programas onde os agressores serão submetidos a tratamento, bem como os atendimentos psicossociais às vítimas, não existem profissionais suficientes para a demanda.

        As medidas protetivas surgem para proteger a vítima, reprimindo assim o agressor, mas na vida real não é o que acontece pois, a mulher fica a mercê da violência do seu companheiro, onde falham os órgãos governamentais competentes e responsáveis de executá-las, exibindo a falta de estrutura e preparo de pessoal. Uma outra dificuldade está presente no constante trabalho necessário para a inclusão das políticas de combate às violências de gênero no planejamento orçamentário, regido pela Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO e Lei Orçamentária Anual – LOA, bem como o monitoramento da execução orçamentária. Conclui-se que a Lei 11.340/2006 tem competência e eficácia, mas não é bem aplicada, gerando impunidade, não por deficiência da mesma, mas na forma de sua aplicabilidade.

Referências

CORTÊS, Láris. Matos, Myllena. Lei Maria da Penha: do papel para a vida. Comentários à Lei: 11.340/2006 e sua inclusão no ciclo orçamentário. CFEMEA. Brasília-DF. 2007.

COSTA, Ana Alice Alcântara. O Movimento Feminista no Brasil: Dinâmicas de uma Intervenção Política. Revista do Núcleo Transdisciplinar de Estudos de Gênero. Rio de Janeiro, n. 5, 2005.

TANNURI, Claudia Aoun, Daniel Jacomelli Hudler. Lei Maria da Penha também é aplicável às transexuais femininas. Revista Consultor Jurídico, 2 de outubro de 2015. Disponível em: http://www.conjur.com.br/2015-out-02/lei-maria-penha-tambem-aplicavel-transexuais-femininas, acesso: 17 de abril de 2016.

Discente no curso de especialização em Gênero e Diversidade na Escola pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) 2016.

Revisão: Olivia Dias

Homo-lesbo-transfobia e

as desigualdades sociais

nos espaços educativos

Por: Alexandre Bogas Fraga Gastaldi

Discente no curso de especialização em Gênero e Diversidade na Escola pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) 2016.

   Desde os tempos remotos e na maioria das sociedades conhecidas, a família é a provedora inicial das necessidades básicas, exercendo forte influência na constituição dos indivíduos. A definição de família pode ser caracterizada das mais diferentes formas. Soifer (1982) indica que o principal objetivo da família é a defesa da vida e esses convivem em determinado lugar como um núcleo de pessoas, unidas ou não por laços consanguíneos, relacionando-se com a sociedade que a impõe ideologias e culturas particulares.

    Família se constitui de formas diferentes de acordo com o momento histórico e social e mesmo com as mudanças sociais recentes, a visão mais frequente construída pelas pessoas ao se falar de família, é aquela constituída por um pai e mãe heterossexuais e suas filhas e filhos. São cada vez mais claras as diferentes formas de composição familiar como adoção, inseminação artificial, homoparentalidade, coparentalidade, mãe solteira, avós e netos, dentre tantas outras formas de arranjos familiares na contemporaneidade.

  Sendo a família um agente socializador, é nela em que os valores sociais são recebidos, mantidos e reproduzidos, e as práticas que orientam sua socialização podem entrar em confronto com as orientações tradicionais. Desta forma, os aprendizados internalizados podem ser questionados e ressignificados, como é o caso das relações de gênero quando se referem às diferenças entre os sexos como organização social.

   Os pilares fundamentais do patriarcado começam a ser descontruídos quando se elimina a divisão sexual do trabalho, quando se têm independência financeira, quando através dos métodos de contracepção se desvincula a sexualidade da reprodução, dentre outras conquistas das mulheres. A partir desse declínio da sociedade patriarcal tem-se “um processo de emancipação que permitiu às mulheres afirmar sua diferença, às crianças serem olhadas como sujeitos e aos ‘invertidos’ se normalizarem” (ROUDINESCO, 2003, p. 12). Essas mudanças geraram uma desordem referente ao medo da abolição das diferenças entre os sexos, trazendo uma perspectiva de uma dissolução do núcleo familiar.

   Esse receio da dissolução familiar é reproduzido nos espaços educativos principalmente quando os alunos discriminam, rotulam e agridem seus pares através de ações preconceituosas homo-lesbo-transfóbicas. Da mesma forma quando os professores e direção da escola não abordam o tema e negam-se a falar, acabam reforçando essas práticas discriminatórias. As crianças e adolescentes acabam ficando dentro do armário, pois o silêncio da instituição dando uma invisibilidade ao tema, e a violência ocorrida nos recreios e corredores os levam a sentirem acuados na vivência de sua sexualidade e tendem a omitir sua orientação sexual no momento em que descobrem o desejo por pessoas do mesmo sexo.

   Sozinha a escola não é capaz de acabar com o preconceito contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, mas é no ambiente escolar o melhor lugar para pôr fim a homo-lesbo-transfobia. É importante deixar claro que existem pessoas que tem desejo pelo sexo oposto e também aquelas que o sente pelo mesmo sexo. Faz parte da função do professor ressaltar que o desejo homossexual não é vergonha, doença ou crime, e isso deve ser transmitido também para os pais.

Referências

 

ROUDINESCO, Elisabeth. A família em desordem. (Tradução André Telles). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003.

 

SOIFER, R. Psicodinamismos da família com crianças: terapia familiar com técnica de jogo. (Tradução Ephraim Ferreira Alves). Petrópolis: Vozes Ed., 1982.

Revisão: Olivia Dias

Gênero, sexualidades e identidades

Por: Alexandre Bogas Fraga Gastaldi e Fabricio Gastaldi

   O gênero é definido pela sociedade, como “ser homem” ou “ser mulher”, como “ser masculino” ou “ser feminino”. Tratam-se coisas distintas, dentre os corpos e suas capacidades reprodutivas, suas diferenças fisiológicas entre homens e mulheres, o modo de ser feminino ou masculino, com o sentimento de pertencer a diferentes gêneros, bem como o desejo, a atração e fantasias, focados no sentimento dentro vínculos interpessoais e de apegos emocionais.

   A Identidade de Gênero está ligada na forma como a pessoa pensa sobre ela mesma, ligada a química a compõe, como os níveis hormonais por exemplo, e como a pessoa interpreta isso. Transita ente Mulher, Transgênero e Homem. Existem pessoas que possuem um corpo biológico de macho ou fêmea, mas têm identidade pelo gênero oposto ao socialmente esperado, tendo homens femininos e mulheres masculinas.

   Ter relações íntimas, atração afetiva, emocional ou sexual por indivíduos do mesmo sexo, do sexo oposto ou de mais de um sexo é o que caracteriza o termo Orientação Sexual. É com quem a pessoa se sente fisicamente e emocionalmente atraída, baseado na relação entre o sexo e gênero, transitando entre a heterossexualidade, bissexualidade e homossexualidade.

 

   A questão é complexa e por isso trazemos o esquema para ajudar a compreender melhor sobre o que estamos falando:

  Como vimos, os campos de estudo sobre Gênero/Sexualidades/Identidades são amplos e possibilitam muitas abordagens. Queremos, neste espaço, fomentar a discussão sobre tais assuntos que se configuram um tabu enorme em nossa sociedade. Entretanto enfrentar esses assuntos de maneira aberta é um dever nosso que buscamos uma sociedade mais justa, igualitária e diversa.

   Mais um desenho para reforçar o uso das terminologias:

   

 

 

 

 

 

 

 

 

Por fim, algumas sugestões:


   Para entendermos melhor esse campo fértil de estudos e lutas sociais, sugerimos a leitura do texto: Identidade de Gênero e Sexualidade da professora doutora Miriam Pillar Grossi disponível aqui.


   Propomos o documentário ”Os tabus sociais na percepção de gênero e papéis sexuais” produzido e dirigido por Júlia Balthazar, que pode ser acessado aqui.

   Colocando ainda mais lenha nessa fogueira chamada Gênero, sugerimos esse artigo, disponível aqui.

Revisão: Daniele Viola e Olivia Dias

[ParaAlémDas] GAiOLaS – O PROCESSO...

Daniele Viola

O que caracteriza a performance enquanto campo artístico independente é sua disposição de 'abandonar a solidão do ateliê para mostrar o próprio processo de nascimento de uma obra de arte, comunicar diretamente ao espectador, desmistificar o estatuto do autor e o estatuto da obra de arte'. A performance elege o próprio artista como obra, construindo-se sobre o seu corpo; ela toma forma numa relação recíproca e simultânea entre o corpo do artista, o momento do evento e a obra: o corpo produz a obra que produz o corpo. Segundo Hrvatin, como o corpo não pode manter no tempo a surpresa da obra , porque ele mesmo e tudo nele evidenciam as marcas temporais, a materialização do corpo em obra é impossivel, o que transforma a ação, o processo, no objeto da performance. (Lúcia Romano em O teatro do corpo manifesto: teatro físico.)

           

 

      O processo de criação [ParaAlémDas] GaiOLaS iniciou-se em março de 2015 na disciplina de Performance I do curso de Artes Cênicas da Universidade Federal de Santa Catarina, ministrada pelo professor Rodrigo Garcez. Naquele momento enfrentava questionamentos sobre a vida profissional e pessoal, no qual sempre me deparava com algum tipo de falta de liberdade ou pequenas violências, aquelas sutis. Paralelamente, na disciplina de Performance era discutido sobre identidade, essência, entre outros assuntos, e foi neste momento que as inquietações foram materializadas na metáfora da gaiola.

       Então, primeiramente, ralizei algumas experimentações que focavam a relação do meu corpo e a gaiola. Era uma busca de uma forma corporal a partir de uma proposta de máscara.  Este termo é utilizado aqui com referência ao trabalho do pedagogo teatral Jacques Lecoq. Lecoq se utilizava da máscara para a preparação de atrizes e atores e para cena teatral. No processo de [ParaAlémDas] GaiOLaS é utilizada a ideia da busca pela forma, que constituiu-se em olhar para a máscara e ver o que ela sugeria, vesti-la e transformar essa sugestão no corpo e agir: “[...] podemos nos deixar levar pela própria forma, tal como proposta pela estrutura da máscara”  (LECOQ, 2010. p 94). Portanto, a gaiola é utilizada como elemento propulsor de um ritmo e de uma forma para o corpo.

 

   Imagem 1. Pesquisa em sala

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: acervo pessoal  

Imagem 2. Pesquisa em sala

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: acervo pessoal  

 

          Entre a multidão e a solidão. Um mesmo corpo, um mesmo ser, experimenta o que representa essa gaiola sozinho e dentro de um "coletivo". Aquilo que é experimentado na solidão revela o que há de potente, o que há de movimento interno, que acaba por mobilizar o corpo-mente todo. Já na multidão, esse corpo não se revela, mas revela o outro e, quando este outro se revela, não deixa que aquele que "veste" a gaiola mostre sua ação real e sim um reflexo. Eis aqui a liberdade na solidão e a prisão da multidão, que tem também caminhos confusos, pois ainda podemos ficar presos na solidão por ser libertária e agradável e na multidão buscaremos romper com essas grades invisíveis. Então, mesmo na condição limitante causada pelo olhar violento, busca-se romper isso. O que quero dizer, é que na solidão deste trabalho há risco de caminhar para uma prisão em si e na multidão caminha-se para encontrar a liberdade. (Registro do meu Diário)

 

            Foi possível encontrar algumas proposições desse momento gaiola x corpo, esta seguia por dois caminhos: um corpo que se formatava de acordo com a ideia de gaiola e aprisionamento e, o segundo, um corpo que fluía a ideia oposta da “máscara” gaiola, a movimentação criada era uma conversa entre essas duas possibilidades.

            Apesar desse processo solitário de compor um corpo cênico interessante, foi necessária uma vivência em risco. Portanto, a segunda ação foi composta por uma caminhada silenciosa vestindo a gaiola. Na parte de traz dela, havia pedaços de espelhos, para que quando passasse por alguém, este poderia se ver refletido na gaiola.

 Na primeira experimentação, a caminhada foi dentro da Universidade (UFSC), o que trouxe muito mais para um estado cênico, que acredito ser uma forma de defesa. De qualquer forma, logo após a experimentação, refleti sobre:

 

Que medo é esse que surge, que respinga no corpo tornando-o tenso e rígido? Receio de olhar nos olhos, encarar e enfrentar o outro: Sim, isso é uma gaiola! Não digo, não reajo. Não vejo olhos e olhares, vejo ações nessa caminhada silenciosa, há desprezo, incompreensão, empatia. Estou de fato presa, mas dentro de mim. E pesa, por dentro e por fora. A imagem do outro é refletida, mas não vejo... talvez nem eles tenham se visto...Ver-se e ser vista... Há de fato algo concreto que condiciona meu olhar, minha postura, minhas prisões. E me pergunto, e lhes pergunto, o que há de violência nisso tudo? Não pensando somente no ato de se colocar na gaiola, mas tudo o que acontece a partir disso. Pergunto ainda, as prisões nas quais estamos nos colocamos e nos foram colocadas? Ou os dois? E nisso sim, há um algo de violento, mesmo que contra si próprio. E no fim, desse primeiro momento, questiono-me seriamente: será que isso, que esta ação, provoca algo em alguém? Será que é só em mim? (Registro do meu Diário)

 

 

            A segunda vivência foi no restaurante universitário da UFSC:

Dessa vez, encarei com mais leveza o momento. Meu olhar estava mais livre, logo meu corpo estava mais livre. Mas não há como negar que ainda existe algo que limita, dificulta, mas não impede. Mas o grande momento foi o alimentar-se. A sensação era como se eu fosse um animal, apesar de risos e das dificuldades, era uma cabeça enjaulada e que precisava comer. E pela primeira vez percebi a real distância entre o prato e minha boca, meu corpo precisou perceber aquele momento de uma forma diferente, o olhar era bem direcionado, tal ação (comer) exigia precisão. E o que se fez mais presente naquele momento, para mim, foi pensar o quanto o ato de alimentar-se é banalizado (ou condicionado?). E mais, nessa segunda experimentação do processo, percebo que se colocar em uma atitude de liberdade é mais difícil, mas possível e por vezes sofrível. Prender-se e/ou deixar-se prender é mais seguro, mais fácil. E algo muito importante: muitos não estão nem aí, vão rir, olhar e seguir suas vidas, eu seguirei repensando ela (a vida). (Registro do meu Diário)

 

 

            Novamente retornei para a sala de ensaio, a fim de compreender a forma desse corpo, o que poderia ter respingado desta ação, tentar tirar mais elementos. Mas era necessário ir para fora, para algum lugar que a ação fosse menos esperada do que dentro dos muros da Universidade. Deambulei pelo centro da cidade de Florianópolis/SC, ainda em silêncio, vestindo a gaiola-máscara (com poesias de Hilda Hilst - que foi também um elemento de inspiração da poética da obra - dentro da gaiola para serem entregues) e indo em direção às instituições de poder: Câmara dos Vereadores, Assembleia Legislativa e Bancos, porém outras instituições se apresentaram à performer, elas eram a sociedade machista e a internet:

A primeira instituição de poder é a sociedade do sexo masculino (que inicialmente não imaginei que iria se manifestar, mas na experimentação mostrou-se bem presente). Isso foi constatado, percebido, sentido desde o início da deambulação pelo Centro de Florianópolis. Todo tipo de provocação relacionada ao sexo aparecia, é claro que sempre pelas costas, as vozes que ouvia eram sempre de homens. Eis aqui um ponto importante: eu, sendo mulher, diferenciando-me do restante das outras pessoas por "vestir" uma gaiola estava em foco, momento encontrado para a descarga e reafirmação do machismo. A violência do sexo se camuflava em "inocentes" piadinhas causadas pela oportunidade da gaiola, esta reafirmava e ressaltava a opressão que diariamente uma mulher sofre. Esse processo existiu entre paradoxos, pois ao mesmo tempo que toda a violência era direcionada a mim, a minha resposta era poesia. A ação existiu entre violência e poesia. O aprisionamento é real, a invasão do outro em nosso ser é condicionada pela transformação de nossa ação e do meu, do nosso corpo em um objeto, realizando-se em um fetiche determinado pelo olhar do homem, que se impõem diferente. Contudo, resisto. (Registro do meu Diário)

 

Imagem 3. Ação realizada no centro de Florianópolis

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: fotografia tirada por Caroline Serafim

 

A segunda instituição de poder que relato aqui é a Assembleia Legislativa de Santa Catarina.  Quando cheguei, fui proibida de entrar com o argumento de que eu era louca, desequilibrada, foi uma resposta bem agressiva, a segurança (mulher), não me deixou entrar, nem sentar no chão, nem ficar em pé a alguns metros da porta de entrada. Foi agressivamente para cima de mim, acompanhando-me praticamente até a rua (faixa de pedestres). A força da repressão foi tão grande, que apenas obedeci os comandos e foi onde entendi qual era o tônus desse meu corpo rígido e que atendia com prontidão. Fiz algumas outras tentativas e ela era sempre agressiva, chamou a polícia, agora homens, que me trataram com “respeito”, porém não me deixaram andar sozinha pela a Assembleia. Se não insisto, não teria entrado em um espaço público. E então questiono aqui as minhas/nossas relações com os espaços públicos detentores de poder, como meu corpo deve se comportar, a meu ver como quiser, porém nos é exigida uma lógica de ser. (Registro do meu Diário)

 

 

      Ser somente poético é sinal de loucura, a loucura não nos dá direito de exercer a liberdade, pelo menos nos olhos dessa pessoa que representa o poder. Para outros, é importante que se vigie, pois os loucos podem ser perigosos. Mas, em um lugar que já não existe sanidade alguma, o que é loucura?

     Nesses espaços de poder, o corpo social responde á normas, rompê-las é um ato de resistência.

    Nota importante: o poder se estabelece primeiramente pela imposição do medo e da violência, depois, averiguação e por fim a vigia, garantir que a outra se perceba observada/vigiada para determinar quem detém a ordem. As relações humanas estão degradadas, pois se vê só violência e com violência é dada a resposta.

 

Imagem 4. Ação realizada na Assembleia Legislativa de Santa Catarina - Florianópolis

 

 

 

 

Fonte: fotografia tirada por Caroline Serafim

 

      A terceira Instituição é a Câmara dos Vereadores de Florianópolis. Neste lugar já haviam muitas pessoas, ordenadas em fileiras de cadeiras, todas elas possuidoras de uma mesma expressão: cansadas e indiferentes. A reação era mínima e quando havia alguma, se dava apenas com o olhar:

 

 Ali, parecia que os processos burocráticos estavam a consumir os seres humanos ali presentes, deambulei por aquele lugar, na entrada, apenas uma das pessoas da recepção foi ríspida e nada mais. Logo na entrada havia duas catracas, então, depois de observar as pessoas afogadas pelo burocrático, minha ação foi continuamente passar pela catraca, entra por um lado e sai pelo o outro, sem chegar á lugar algum, entrando no ritmo que aquele lugar propunha. Depois disso, quando me aproximei de um funcionário, não tive nem seu olhar. Na tentativa de dá-lhe uma poesia, recebi um grito da segurança (mulher) que estava já a me vigiar (apareceu lá após a minha chegada), ordenando para que eu saísse de frente da porta. Obedeci, fiquei ao lado da porta... neste lugar recebi desprezo e fúria. (Registro do meu Diário)

 

            Novamente constato, o poder tenta se reafirmar pela agressividade. Então a pergunta que vem é: o que há na gaiola que causa tanta agressividade? Será que há algum tipo de reconhecimento quanto à violência e isso provoca mais raiva nas pessoas? Em nenhum momento assumi uma postura violenta, mas mesmo assim, quando o/a outro/a viu uma pessoa dentro da gaiola, a reação era violenta, exceto daqueles/as que estavam sentados/as na câmara, que deviam estar tão consumidos, de modo que nem seus corpos reagiam. Contudo, mostraram como o meu corpo deveria reagir.

 

Imagem 5. Ação realizada na Câmara dos Vereados de Florianópolis

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: fotografia tirada por Caroline Serafim

        A Quarta Instituição que se revelou foram as Redes Sociais/Internet. Após toda a ação, é claro que algo iria parar na internet. As pessoas fotografando eram muitas, pensando sobre a ação? Talvez nem tanto, não sei dizer. Mas a ação foi clara: invasiva.

 

Imagem 6. Imagem da Internet - resultado da ação realizada no centro de Florianópolis

 

 

 

 

 

Fonte: imagem tirada da internet - 26/6/2015 às 15h47

            Mas o importante a se notar aqui é sobre o uso dessa imagem nas mídias sociais. O resultado na internet é quase que uma extensão do que aconteceu na rua. Portanto, tem-se aqui novamente o rebaixamento do feminino, que se dá pela "piadinha" referente ao sexo.

            Aqui a instituição de poder faz uso de um poder diferenciado, pois a violência está camuflada no que parece ser engraçado, e assim, acaba por reafirmar um posicionamento machista (e que, em muitos outros casos, são racistas, preconceituosos).

As mídias sociais acabam por liberar aquilo que está intrínseco em cada um, pois, como nesta página que foi feita está "imagem-piada", a pessoa se esconde atrás de um nome/site e assim expressa o que pensa, sem refletir o quão carregado de machismo há em sua fala. Sendo mera reprodução da primeira instituição da qual já foi mencionada aqui.

Isso mostra-nos que ainda há muito que se fazer para se conquistar a isonomia entre mulheres e homens.

            Após essa segunda fase de execução da performance era preciso que existisse um outro momento de estudo para transformar essa dura experiência em uma poética do corpo. É quando, então, volto-me para o trabalho em sala de ensaio e novas percepções surgem:

 

Entre a multidão e a solidão. Um mesmo corpo, um mesmo ser, experimenta o que representa essa gaiola sozinho e dentro de um "coletivo". Aquilo que é experimentado na solidão revela o que há de potente, o que há de movimento interno, que acaba por mobilizar o corpo-mente todo. Já na multidão, esse corpo não se revela, mas revela o outro e, quando este outro se revela, não deixa que aquele que "veste" a gaiola mostre sua ação real e sim um reflexo. Eis aqui a liberdade na solidão e a prisão da multidão, que tem também caminhos confusos, pois ainda podemos ficar presos na solidão por ser libertária e agradável e na multidão buscaremos romper com essas grades invisíveis. Então, mesmo na condição limitante causada pelo olhar violento, busca-se romper isso. O que quero dizer, é que na solidão deste trabalho há risco de caminhar para uma prisão em si e na multidão caminha-se para encontrar a liberdade. (Registro do meu Diário)

 

 

Imagem 7. Em pesquisa

 

 

 

 

 

 

Fonte: arquivo pessoal

            Houve esse momento de reflexão do processo, é quando, portanto, surge a necessidade de passar a gaiola para o espaço, criar esse ambiente que somente eu via e experienciava.

            A primeira pesquisa a partir disso foi passar a gaiola da cabeça pelo corpo através do arame. O estudo começou a ser realizado com o arame enrolado no corpo e que trouxe uma nova corporeidade: “Tudo aquilo que reverbera no corpo: o metal que se interpôs diante de meus olhos, agora compõe com o meu corpo. Gelado, rígido e ao mesmo tempo flexível desenha a dramaturgia de ser...” (Registro do meu diário)

 

Imagem 8. Em pesquisa com arame no corpo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: arquivo pessoal

 

            Somente depois esse arame foi pensado para compor no espaço, trazer essa violência e prisão do corpo para algo maior.  O primeiro local foi em um corredor da Universidade (UFSC):

 

Da cabeça para o espaço... Neste segundo experimento, parti para a poética de um espaço aprisionado por natureza, a partir do momento que construímos esse pequeno "bloqueio" as pessoas se arriscaram a passar, se aventuraram, viveram (por um brevíssimo momento) uma passagem cotidiana transformada. Usaram suas pernas e suas colunas e seus olhares para algo diferente e, com um sorriso ou com alguma irritação, acordaram de seus sonambulismos... Isso foi durante o processo de construção... Depois, nós dançamos, conhecemos a nossa própria construção. Que aos poucos foi cedendo e cedendo, e ao mesmo tempo resistindo... Um corredor, uma gaiola... a liberdade de estar construindo um paradoxo: prisão e liberdade... (Registro do meu Diário)

 

Imagem 9. Pesquisa com arames pelos corredores do curso de Artes Cênicas da UFSC (com colaboração de Maycon Benedito)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: fotografia tirada por Gleydson Garcia

 

            A partir daí foram reunidas as experiências e criada a dramaturgia do corpo e do espaço, um work-in-progress. O espelho saiu da gaiola e foi para o espaço da ação, a gaiola apareceu dentro dessa outra grande gaiola e o corpo estava em relação com ambas, a mulher em relação com tudo e consigo própria. Foi necessário expandir essa gaiola para além da cabeça, onde todos pudessem perceber a dimensão e os diferentes níveis da falta de liberdade.

         Essa nova ação foi realizada no evento “Sujeite-se Performances”, que aconteceu dia 5 de dezembro de 2015, eu apresentava diferentes tempos da ação, trazendo para o trabalho as nuances das vivências de todo o processo, porém, sem definir ou coreografar a ação.

Imagem 10. Performance realizada no evento “Sujeite-se Performances”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: fotografia tirada por Alexandre Bogas

 

Imagem 11. Performance realizada no evento “Sujeite-se Performances”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: fotografia tirada por Alexandre Bogas

            Percebeu-se após esse momento que na ação existiam vários pontos de observação, detalhes que se isolavam. Surge então o questionamento: como mostrar isso para quem vê, ou está acompanhando o acontecimento? Então as microcâmeras são inseridas na gaiola e no espaço e projetadas ao vivo, assim como é criada uma luz para toda a ação para compor as sensações e a estética/poética da performance (Concepções com a colaboração de Fabrício Gastaldi, que assume a Codireção do espetáculo).

            O resultado com esses novos elementos é apresentado na semana de recepção dos calouros de Artes Cênicas e Cinema da UFSC, realizada no dia 14 de março de 2016, em duas sessões.

 

Imagem 12. Detalhe do momento 1 do solo

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: fotografia tirada por Laura Gedoz

Imagem 13. Momento 2 do solo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: fotografia por Laura Gedoz

 

 

Imagem 14. Momento 2 do solo com projeção ao fundo

 

 

 

 

 

Fonte: fotografia por Alexandre Bogas

Áudio Visual – PROCESSO...

           

            [ParaAlémDa] GaiOLas possui um trabalho conjunto entre as ações físicas, o áudio e as imagens projetadas. Dentro da estrutura dos arames e gaiolas existem três microcâmeras instaladas. A primeira está na primeira gaiola (lado esquerdo) e sua imagem é projetada no fundo do cenário/espaço e o áudio produzido é o que vem da microcâmera, constitui-se de ruídos, microfonia e tudo o que pode ser captado por esta microcâmera. A segunda está posicionada na vara de luz/cenário/teto, direcionada para baixo e para o centro, a imagem captada é produzida do lado direito (onde estão os espelhos), o áudio criado compõe-se de dados sobre a violência contra a mulher, dizeres que ouvi durante as caminhadas pelo centro e a composição de batidas. A terceira microcâmera está na dentro da segunda gaiola, e é projetada do lado esquerdo do espaço e o áudio criado é uma composição sonora que reunia sensível e simbolicamente o que representava aquele momento para mim.

            A composição dos dois primeiros áudios e do posicionamento das microcâmeras se deu pelo belo processo de percepção de Fabrício Gastaldi, o Codiretor, apesar de eu ter executado a criação, ela só foi possível pelos estímulos aplicados pelo Fabrício.

           

A ILUMINAÇÃO...

           

            A Iluminação foi concebida a fim de estabelecer 3 momentos do acontecimento performático, nesse momento o processo de concepção foi relativamente rápido, coletivo, intuitivo e sensível.

            A primeira é composta por um foco a pino na cor vermelha, para trazer a sensação de quente e que compõem com a movimentação muito lenta. O movimento da luz também é bem lento.

 

Imagem 15. Momento 1 do solo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: fotografia tirada por Laura Gedoz

           

A segunda é a cor azul, inicialmente um foco que vem de trás e que, em conjunto com a performer, desenha uma silhueta em movimento, depois abre-se o azul em um espaço determinado, um quadrado que preenche a área dos arames. A sensação da cor é mais fria e a movimentação alterna-se entre o rápido e o pouco lento.

Imagem 16. Momento 2 do solo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: fotografia tirada por Laura Gedoz

 

            A terceira luz é branca, esta também apresenta movimento estroboscópio e é caracterizada pela incidência de luz no meu corpo e nos espelhos afixados na parede. O seu movimento cria outra composição com a câmera que é instalada neste terceiro momento.

Imagem 17. Momento 3 do solo

 

Fonte: fotografia de Laura Gedoz

I

Esse foi o processo de [ParaAlémDas] GAiOLaS, da performance a um espetáculo performativo.

bottom of page